segunda-feira, dezembro 15

Deus é brasileiro! E os Deuses, são gregos?




Graças a Deus os brasileiros são pacíficos...ou passivos?
Graças a Deus os jovens desse país são simpáticos...ou apáticos?
Graças a Deus as crianças nesse país são felizes... ou sofrem o indizível?
Afinal somos os filhos de Deus, portanto buscamos a paz e a liberdade sobre a terra. Uma paz meio que hipócrita, mas tudo bem, afinal mesmo vivendo uma guerra civil, ninguém vê nada. Liberdade? Sim claro! Uma liberdade meio que suspensa por cordões invisíveis, por isso todos afirmam que eles não existem, só na imaginação de gente desocupada. Num país protegido por Deus e a Natureza, mente vazia e desocupada é oficina do diabo.
Os gregos são rebeldes por natureza?




Os jovens brasileiros só se manifestam contra alguma coisa quando é a Grobo que está por trás instigando a pintá-los como caras rebeldes diante de situações que nem compreendem direito. É uma mania de aceitar as coisas do jeito que se apresentam sem questioná-las. Sempre foi tão fácil agir como brasileiros que gostam mais de estrangeiros do que dos iguais; que vibram muito mais com a música de fora(mesmo sem saber do que falam) só porque é de fora; ficam fascinados com as roupas dos gringos só porque não é do Brasil; são fiéis as futilidades das celebridades e adoram os filmes de Hollywood, só porque não são filmes nacionais. Gostam tudo que é lá, só porque não é daqui.
As coisas acontecem nesse país de uma forma totalmente contrária aos nossos anseios econômicos, políticos, sociais, intelectuais, artísticos, filosóficos e ideológicos. Tudo vai contra os nossos ideais, mas nós continuamos firmes e fortes nesse marasmo. Ficamos rindo felizes porque somos um povo pacífico e filhos de Deus. Aceitamos o roubo das nossas florestas e das ervas medicinais, da nossa doçura e da rapadura, dos nossos mais diversos frutos, dos nossos alimentos e alentos, nossa personalidade verde e amarela, do nosso céu e a bandeira cheia de estrelas, nossas verdes esperanças, nossos desejos azuis, nossa tecnologia amarela, nossa mansidão tão branquinha e a imensidão transparente e ficamos à mercê das opiniões externas, como escravos que nunca se libertam de suas correntes: Uma escravidão voluntária!
Ah, em contrapartida, brigamos nos campos de futebol, massacramos os pobres que não entregam a bolsa e a vida, brigamos entre nós numa luta vazia, assaltamos os próprios irmãos e amigos, matamos por banalidades, lutamos por insanidades, tais como libertar bandidos que usam a tecnologia para aprimorar o crime e nunca tiveram castigo. Cometemos deslizes sem fundamentos, mas aceitamos como cordeirinhos as opressões, as misérias, as violências sem motivos, as corrupções das autoridades sem consciência que só aproveitam da nossa eterna conivência. E os que se dizem opositores, só o são, enquanto não galgam os mesmos patamares. É só uma troca de figurinhas, num jogo mórbido onde ninguém fica condoído com injustiças, com a miséria dos outros, afinal somos um povo tranqüilo, pacífico.
E nossos ideais?
É mais fácil abandonar o país, do que lutar pelas mudanças por aqui. É mais fácil trabalhar do outro lado do mundo e ganhar em euros do que lutar pelo real e imediato. É mais fácil um dólar furado, do que um filme nacional. Por que desvalorizamos tanto essa terra tão cheia de verde, amarelo, aves e papagaios que são vendidos ilegalmente? E o coração do brasileiro (dizem) que é tão bom, não tem misericórdia pelos seres vivos? Por que tem essa atitude tão antipatriótica?
Será que os jovens gregos são mais rebeldes?



Será que Sócrates corrompia os jovens gregos naquela história distante embebida em disputas e cicutas?
É de estranhar que isso tenha sido verdadeiro, afinal, Sócrates já era, no bom sentido, é claro, ou no sentido literal, porque permanece vivo na memória da humanidade. Não tem mais nenhum Sócrates em Atenas do século XXI, no entanto, aqueles jovens estão se rebelando contra tudo, num gesto contundente.



Alexandros Grigoropoulos, que morreu em Atenas, em confronto entre anarquistas e a polícia. (http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2041/artigo119237-1.htm)



A Politécnica é o símbolo da rebelião moderna e Alexandros Grigoropoulos, com sua morte, precipitou um movimento violento de jovens estudantes que não aceitam a ditadura, o sistema, o governo, o estado, o sistema econômico, enfim, tudo aquilo que vai contra seus ideais.

E o Monte Olimpo? E os Deuses?




A Grécia, o berço da democracia, a origem disso que chamamos “Liberdade”. Dentro desse inconsciente coletivo paira esse símbolo, esse ritual e nesse momento tão conturbado deixa passar por entre seus vãos lampejos de uma juventude transviada. Os filhos dos deuses estão num manifesto generalizado e são capazes de mudar a situação.
Por que não aceitam as coisas do jeito que estão? Os gregos são rebeldes por natureza?
Ou também estão sendo usados por alguma grobo da vida? Ou é a globalização e a crise mundial que já está mexendo no coração das pessoas?!
Não podemos afirmar nada nesse mundo de INCERTEZAS, só Deus sabe!!!


Elizabeth

quarta-feira, dezembro 3

Os Gatinhos da Telma

A Telma é uma pessoa que gosta muito de animais, mas acima disso cuida deles com carinho, além de gastar as próprias economias para realizar essa tarefa...

Ela cuida de vários cães que foram abandonados, assim como os gatinhos que soltam por aí.

No momento ela está doando gatinhos que recolheu, pois iriam jogar no rio...Quem estiver interessado nessas doces criaturas é só entrar em contato com o Entrementes e passamos para a nossa amiga Telma.


Quem gosta de animais também gosta de humanos...


"ESTOU COM UM BEBÊ QUE IA SER JOGADO NO RIO, COISA MAIS LINDA, ALIÁS, SÃO TRÊS: UM CASAL PRETINHO E UMA FÊMEA MESTIÇA DE SIAMÊS, SE SOUBER DE ALGUÉM QUE QUEIRA, ENTRE EM CONTATO COMIGO"

BEIJINHO E OBRIGADA

TELMA


Olha as fotos dessas belas criaturas:





quinta-feira, novembro 27

Osíris me visitou!

"Ao contemplar Deus, nos endeusamos?!"









Levantei mais cedo no domingo, nem sei porque, afinal não dá pra entender porque tem dia que dá vontade de levantar cedo, outro, só se acorda depois das 10h da matina...enfim, nada tem explicação! Mas a falta de explicação mais marcante não havia acontecido. Dei uma volta pelo quarteirão, comprei o jornal, óleo para o carro e depois voltei pra casa.
Estava tomando um café, quando tocou a campainha; Fui atender e qual não foi a minha surpresa quando desceu de uma moto, dessas antigas, o próprio OSÍRIS, um garoto bem magro, franzinho até, com uma jaqueta preta de couro e aquela peculiar tez egípcia e um olhar que mais parecia o de Hórus. Fiquei atônita diante do inusitado e gaguejante o convidei para entrar em minha casa.





Ele entrou, sentou numa cadeira vermelha e ficou me olhando com aquele olhar estranho. Por que Osíris estava me visitando? O que ele queria de mim? Estaria eu sonhando, é apenas um delírio? Fiquei me perguntando naquele eterno segundo. Fiquei conformada com minha falta de resposta, afinal, nunca tenho respostas concretas, apenas teses e antíteses que teimam em balançar por entre os dentritos.
Aquele estranho olhar seria Hórus disfarçado? O senhor dono das duas terras estaria de posse de Osíris? Teria ele já derrotado Seth? Sei lá, e depois, como eu poderia saber? Eu, tão pequena e tão sem nada...aham, deve ser isso, Osíris veio a serviço de Ísis, quem sabe veio me trazer alguma novidade, quem sabe veio me trazer um presente dela, tipo, alguma clareza sem contradições, uma clareza sustentável, tão palpável que pudesse levantar pelo menos um véu.
Mas ele sentou-se na minha cadeira vermelha e apenas queria um livro para ler. Então eu pensei em dar a ele a Clarice Lispector, tão profundamente intimista, filosófica, mas depois pensei melhor e resolvi dar um Jorge Amado mesmo, que é mais direto.
Nesse momento começou um temporal, desses que dá até medo na gente, barulhos de trovões e clarões de raios que pareciam cair por perto. Uma tempestade propícia?! Ele lia o livro e às vezes me olhava torto. Então fui ver (com olhar betiano) uma beringela no forno para ver se já estava pronta. Convidei-o para comer comigo e ele aceitou. Comeu a beringela de uma forma hu-ma-na-men-te comum. Devo ser exagerada mesmo, vai ver Osíris mudou de lado, resolveu fugir do Mundo Divino e comer beringelas com humanos comuns. Ou será que veio anunciar alguma desgraça? Bom, dizem que desgraça pouca é bobagem, portanto se ele anunciar mais uma, não é nenhuma novidade nesse planeta cheia delas.
Ele não me trouxe nenhum presente, a não ser o benefício da dúvida; não trouxe a clareza pra eu levantar mais um véu, apenas esses pensamentos desconexos que aqui deslizam libertinos; não anunciou nenhuma desgraça e nem contou se já havia derrotado Seth e como é que foi essa briga. Apenas deu uma olhada no jornal, leu alguns trechos do Jorge Amado e quando a chuva pesada passou, despediu-se e foi-se embora, do mesmo jeito que apareceu: Do Nada!!!

Elizabeth


"Eu sou quem instituiu as Iniciações entre os homens...Nenhum mortal levantou meu véu." (Ísis)


"Eu sou o Ontem, eu sou o Hoje, eu sou o Amanhã. Através dos meus numerosos nascimentos, permaneço jovem e vigoroso" (Hórus - Papiro Nebseni)




terça-feira, novembro 25

Um Verso Brincalhão





O universo brinca usando ferramentas, as mais diversas. Usa as pessoas, os objetos, a natureza, os fenômenos, a matéria em seus diferentes níveis ou em suas diferentes camadas (de cebola, como diria o Shrek?) desde a mais densa até a mais sutil, para sua empreitada.


É preciso uma leitura minuciosa do que está ao redor para poder decifrar a brincadeira. É preciso observar as nuances, lampejos sutis, frutos da ação e reação de toda manifestação umana, Humana, animal, vegetal e mineral. Todos os atos coordenados e em ressonância absoluta com as coisas manifestas e imanifestas, cognoscível e incognoscível que permeiam a vida banal ou profunda, dependendo dessa atenta observação.


É uma brincadeira danada, porque mexe no mundo mental, onde criam-se e recriam-se os hologramas e as efígies. É onde criador e criatura defrontam-se constantemente e se confundem. É onde o guardião do umbral fica na porta à espera da presa. É onde reside toda a sorte de desenganos. Mas também é a oportunidade de adentrar-se ao templo das formas de pensamentos mais puros.

Muito trabalho para adentrar a esses misteriosos portais!


Somos todos instrumentos de alguma coisa e para alguma coisa que está além da nossa simples compreensão, está além das aparências e tudo aquilo que parece ser, não é.


Mas quando escuto a nona sinfonia de Beethoven, sinto ressoar dentro dos meus neurônios algo antigo e incompreensível. Tenho a impressão que sei alguma coisa, mas ela está tão bem guardada que nunca vem à tona. Fico a ensimesmar-se sobre isso e não chego nunca a lugar nenhum, então, desisto de ouvir o grande mestre leonino e vou ouvir o som delicado de Chopin que aguça a minha sensibilidade. Fico então num silêncio tão profundo que tenho uma leve impressão que vou desaparecer. Não ouvir a si mesmo é entrar num vazio tão intenso e desconhecido que provoca medo e um desejo incontrolável de descobrir o começo de tudo. Onde será que fica esse começo? Onde será que fica o fim desse começo? Por que estamos sempre no meio dessa história?!




Elizabeth







segunda-feira, novembro 24

Os tempos são outros...Uma cidade diferente!!!


O Banhado de São José dos Campos




O Pico do Selado!!!





Os tempos são outros...Uma cidade diferente!!!





O tempo relativo das coisas que se espalham por aí.



Estive pensando nesse vai e vem da nossa cidade, nesse tumulto, indefinível caos.



Não sou daqui, sou lá do norte do Paraná, mas lembro do meu pai e da minha mãe contando as histórias mais envolventes sobre o vale do Paraíba dos anos 40, 50, 60.



Minha mãe, uma mulher humilde que morava lá pelos lados do bairro “Pau de Saia”, “Bengalar”, vinha a cavalo para o centro da cidade. Meu pai morava daqueles lados, no bairro do Turvo e também vinha montado em seu cavalo, até o centro. Casaram-se e aventuraram-se pelo sertão do Paraná. Muita gente nessa época saiu de São José para tentar uma vida nova pelas bandas do Paraná. Lá, eles teriam terras mais baratas.



Ouvi ao pé do fogão de lenha, lá na roça do Paraná, as histórias do “Corpo Seco” que meu pai contava nas noites claras de luar e que nos deixavam impressionados, por saber de coisas tão incríveis.



Contava ele, que os “Corpos Secos” eram aquelas pessoas que batiam no pai e mãe e quando morriam, ficavam com os braços pra fora do túmulo. Então o padre era chamado e o “Corpo Seco” ia lá pra igreja São Benedito. O padre levava a dita figura, depois de certo tempo, lá para o Pico do Selado.



Esse Pico era povoado pelos “Corpos Secos” e qualquer pessoa que por ali passasse a cavalo, a figura pulava na garupa e o cavaleiro não via nada, mas sentia o peso atrás de si. O cavalo nem conseguia carregar, mas quando chegava na ponte, algo inusitado acontecia: o cavalo ficava esperto, mais leve, e o cavaleiro tinha a sensação que algo havia saído da garupa. Na verdade, dizem todas as línguas, que o “Corpo Seco” nunca ultrapassa o rio. Só chega perto da ponte, mas não passa por ela. Ufa, era a salvação dos andantes das estradas ao redor do Pico. Dizia ainda, meu pai, que uma pessoa caridosa era voluntária para cortar os cabelos e as unhas dos corpos secos, pois cresciam rápido demais.



Eu sempre ficava imaginando como era esse Pico do Selado e achava esse nome tão exótico, tão diferente.



Minha mãe contava que anos mais tarde quando já tinha cinco filhos pequenos, teve que voltar a São José porque uma das minhas irmãs estava doente e tinha que fazer um tratamento sério. Nesses tempos, os irmãos mais velhos cuidavam da casa e os outros dois menores, ficavam numa creche. Ela começou a trabalhar numa pensão no centro da cidade e dizia que o Mazzarope sempre ficava por lá e até ajudava a comprar as coisas do almoço. Nessa época eu nem tinha nascido. Ela dizia que meus irmãos tinham pavor da mulher do pasto. Era uma mulher que morava no pasto para os lados de Santana e sempre carregava um saco nas costas. Era a Maria Peregrina.



O mais interessante era ouvir sobre o carnaval de rua, onde todos saiam para acompanhar os bonecões gigantes. E tudo ao som das antigas marchinhas. Tudo muito bucólico, muito poético.



A minha infância no interior do Paraná sempre foi regada por histórias joseenses, com seus encantos primitivos. A minha curiosidade e o desejo de conhecer esse lugar tão mágico e tão diferente era intenso.



Depois de tanto tempo ouvindo essas histórias encantadas pude constatar algumas delas quando toda minha família resolveu voltar para São José dos Campos.



Fui conhecer o Pico do Selado e senti arrepio ao passar por aquela montanha misteriosa. Todos me convidavam para fazer trilha por lá, mas confesso, nunca tive coragem. Aquelas histórias da infância ainda estavam lá, impressionando. Fiz trilha no morro do Guaxindiva, no Rio do Peixe, no Bairro do Turvo e muitos outros lugares...mas no Pico do Selado, nunca!!! Nunca entrei naquelas matas misteriosas, só fiquei observando de longe como um sinal inconsciente.



E rodando por essa cidade tão mágica, com portais e saídas para outras dimensões; cheias de nuvens com desenhos simbólicos que só os loucos sabem decifrar (o Solfidone decodificava todos eles, num tempo remoto); Com objetos não identificados e outros nem tão indecifráveis assim, voando por aí...encontrei muitas coisas interessantes e outras nem tanto.



Acabou-se a tuberculose, restaram os sanatórios, metamorfose cultural. Mas de tudo, não dá pra esquecer uma das coisas mais belas, mais preciosas, que é o Por do Sol no Banhado, que mais parece uma tela de Van Gogh...Um lugar onde os poetas dessa cidade, deleitavam-se nos fins de tarde em busca da verdadeira inspiração.



E agora, São José?



Elizabeth