terça-feira, novembro 25

Um Verso Brincalhão





O universo brinca usando ferramentas, as mais diversas. Usa as pessoas, os objetos, a natureza, os fenômenos, a matéria em seus diferentes níveis ou em suas diferentes camadas (de cebola, como diria o Shrek?) desde a mais densa até a mais sutil, para sua empreitada.


É preciso uma leitura minuciosa do que está ao redor para poder decifrar a brincadeira. É preciso observar as nuances, lampejos sutis, frutos da ação e reação de toda manifestação umana, Humana, animal, vegetal e mineral. Todos os atos coordenados e em ressonância absoluta com as coisas manifestas e imanifestas, cognoscível e incognoscível que permeiam a vida banal ou profunda, dependendo dessa atenta observação.


É uma brincadeira danada, porque mexe no mundo mental, onde criam-se e recriam-se os hologramas e as efígies. É onde criador e criatura defrontam-se constantemente e se confundem. É onde o guardião do umbral fica na porta à espera da presa. É onde reside toda a sorte de desenganos. Mas também é a oportunidade de adentrar-se ao templo das formas de pensamentos mais puros.

Muito trabalho para adentrar a esses misteriosos portais!


Somos todos instrumentos de alguma coisa e para alguma coisa que está além da nossa simples compreensão, está além das aparências e tudo aquilo que parece ser, não é.


Mas quando escuto a nona sinfonia de Beethoven, sinto ressoar dentro dos meus neurônios algo antigo e incompreensível. Tenho a impressão que sei alguma coisa, mas ela está tão bem guardada que nunca vem à tona. Fico a ensimesmar-se sobre isso e não chego nunca a lugar nenhum, então, desisto de ouvir o grande mestre leonino e vou ouvir o som delicado de Chopin que aguça a minha sensibilidade. Fico então num silêncio tão profundo que tenho uma leve impressão que vou desaparecer. Não ouvir a si mesmo é entrar num vazio tão intenso e desconhecido que provoca medo e um desejo incontrolável de descobrir o começo de tudo. Onde será que fica esse começo? Onde será que fica o fim desse começo? Por que estamos sempre no meio dessa história?!




Elizabeth







6 comentários:

Anônimo disse...

Oi Beth, que poema profundo, que até eu consigo meditar que espécie sou. Espécie gente, cheio de mistérios e beleza, é o que você revela ser o homem, o ser humano nesta terra enquanto se desliza sobre o planeta na maior igenuidade. Parabéns. Elza

Anônimo disse...

Que surpresa agradável a sua visita!
Apareça sempre…abraços!
Elizabeth

Anônimo disse...

Oi amiga!
Essa oscilação entre a terceira e quarta dimensão é saudável, mas com Bach vamos da terceira para a
décima terceira…ai, tudo é paz!
Grande abraço e beijo
Continue sempre na Luz!
Obrigado pela lembrança
Reinaldo

Anônimo disse...

Reinaldo?!
Que bom você estar por aqui…Por que some assim?
Essa sua mania de aparecer e sumir dá tontura na gente…Essa oscilação é barra!
Abraços!!!
Elizabeth

Anônimo disse...

Bete, digamos.. na estrada dos desenganos a gente tem muitos brinquedos para abandonar. Entre o profundo e o belo muitas coisas para escolher. aos que não nascemos prontos fica a questão: “até quando ser ou não ser”?
Paulo Pinheiro

Anônimo disse...

Até quando, Paulo?
Boa pergunta!
Obrigada pela visita…Abraços!
Elizabeth